sexta-feira, 4 de abril de 2014

A Lista Negra, de Jennifer Brown


Abril. Um mês que, inevitavelmente, será sempre lembrado pelo horror de massacres ocorridos em escolas por jovens: 20 de abril de 1999, Columbine, Estados Unidos; 26 de abril de 2002 , Erfurt, Alemanha; 16 de abril de 2007, Virginia Tech, também nos EUA; e 7 de abril de 2011, Realengo, Brasil. Além desses, muitos outros já ocuparam os noticiários do mundo inteiro, chocando pela violência com que jovens assassinam seus próprios colegas. É com um noticiário como esse que o romance A lista negra abre suas páginas. Lançado agora no Brasil pela Editora Gutenberg, a obra Jennifer Brown é uma ficção que mergulha no mundo juvenil repleto por situações marcadas pelo bullying, preconceito e rejeição.
Essa é a história de Val e Nick. Eles são dois adolescentes que se conhecem no primeiro ano do ensino médio e se identificam de imediato. Val convive com pais ausentes, que brigam o tempo todo e só criticam suas roupas e atitudes. Nick tem uma mãe divorciada que vive em bares atrás de novos namorados. Os dois são alvo de bullying por parte de seus colegas do Colégio Garvin. Nick apanha dos atletas e Val sofre com os apelidos dados pelas meninas bonitas e populares. Ambos compartilham suas angústias num caderno com o nome de todos e tudo que odeiam, criando um oásis, um local de fuga, um momento de desabafo, pelo menos para Val. Já Nick não encara a lista e os comentários como uma simples piada. Há alguns meses, ele abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola. Atingida ao tentar detê-lo, Valerie também acaba salvando a vida de uma co¬lega que a maltratava, mas é responsabilizada pela tragédia por causa da lista que ajudou a criar. A lista das pessoas e das coisas que ela e Nick odiavam. A lista que ele usou para esco¬lher seus alvos.

sexta-feira, 28 de março de 2014

Mario Vargas Llosa, 78 anos

Mario Vargas Llosa, 78 anos

Hoje, o escritor e político peruano, Mario Vargas Llosa completa 78 anos. O escritor ganhou muitos prêmios literários, entre eles o Nobel de Literatura em 2010. Filho de pais de classe média, casou-se aos 19 anos, fez doutorado na Complutense de Madrid em Filosofia e Letras, morou em vários países da Europa e também nos Estados Unidos. Divorciou- se e casou de novo com sua prima Patrícia Llosa, o casal tem três filhos. Sua obra em prosa é libertária e humanista, influenciada por Jean- Paul Sartre, composta por romances, ensaios e teatro.
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Em sua casa em Lima (2014, reportagem “El País”)
A opinião de LLosa sobre a crítica superficial que existe hoje em dia, para anotar e absorver:
“A crítica literária tem agora mais responsabilidades em um mundo com excesso de informação e excesso de livros. E é responsável pela marginalidade em que vive ao ter perdido o protagonismo que tinha e deveria recuperar. Não temos críticos de grande responsabilidade nem em outras áreas. Parecem limitar-se a resenhas, quase como publicidade, a banalizaram e se esqueceram da função de apresentar os elementos para que as pessoas apreciem o bom e o menos bom de cada livro, e algo muito importante é que devem ter claro o lugar que essa obra ocupa em seu contexto, e contar isso aos leitores. Especialmente nestes tempos em que a Internet tende a dar o mesmo valor a tudo…” (El País)
Felicidades, mestre Llosa! Vida longa!

domingo, 23 de março de 2014

Título: Trem noturno para Lisboa

Sinopse

Autor: Paul Mercier
Sinopse: Fenômeno editorial na Alemanha — onde ultrapassou a marca de dois milhões e meio de exemplares vendidos e ficou anos nas listas dos principais veículos —, TREM NOTURNO PARA LISBOA extrapolou as fronteiras da literatura. Terceiro romance de Pascal Mercier, na verdade o professor de filosofia Peter Bieri, ganhou ares de expressão idiomática, usada para designar mudanças de vida. Mercier cria um personagem emblemático, o português Amadeu do Prado. Herói literário com o único objetivo de retratar seu criador. Invenção tão perfeita, que, nos últimos anos, muitos estrangeiros se deslocam para terras lusitanas em busca do escritor fictício.
Tudo começa numa manhã chuvosa, quando Raimundo Gregorius, um homem culto, professor de línguas clássicas, impede que uma mulher se jogue de uma ponte em Berna. O professor se encanta com os sons do balbucio incoerente da suicida. Ao questionar que língua é aquela, fica sabendo se tratar do português. Hipnotizado pela musicalidade do idioma, acaba por comprar um livro do autor português Amadeu Inácio de Almeida Prado, intitulado Um ourives das palavras. Uma reflexão sobre as múltiplas experiências da vida: solidão, finitude e morte, amizade, amor e lealdade.
Fascinado por Prado, Gregorius tenta compreender o misterioso escritor, um médico que morreu 30 anos antes. A obsessão o faz largar sua rotina bem organizada e pegar o trem noturno para Lisboa. Numa descoberta do outro que acaba por ser uma descoberta de si próprio. Ao longo das investigações que o levam pelas vielas da capital portuguesa, ele encontra pessoas que conheceram Prado. E constrói a imagem de um médico e poeta admirável, que lutou contra Salazar. Gozou de enorme popularidade até salvar a vida de um oficial da polícia secreta. Depois disso, as pessoas que o veneravam passaram a evitá-lo. Na tentativa de se redimir, trabalhou para a oposição clandestina.
Gregorius se descobre antítese de Prado, um homem inquieto, capaz de desafiar os pontos de vista ortodoxos. Agora, através de sua influência póstuma, o prudente professor é impulsionado a mudar. Mas o que significa conhecer outra pessoa, compreender outra vida? O que significa para o conhecimento de nós mesmos? É possível fugir da rotina? Este romance é uma epopeia multifacetada de uma viagem através da Europa e do nosso pensar e sentir. Fonte: editora record
  • Fernanda Santos Considerem apenas como um exercício, uma brincadeira, uma apropriação gerada pela admiração da obra de Pascal Mercier.

    "... Porque de uma vida apenas, uma única, dispõe o homem.

    E se para ti esta já quase se esgotou, nela não soubeste ter por ti respeito,
    tendo agido como se a tua felicidade fosse a dos outros... Aqueles, porém,
    que não atendem com atenção os impulsos da própria alma são
    necessariamente infelizes." Pensamentos, Marco Aurélio.

    Carregava dentro de si nem mais nem menos que o mundo inteiro, na verdade, vários mundos. Mas todos eles incompletos. Esta era a idéia que fazia de si. Embora soubesse que era um enorme exagero... Mas como dominar este pensamento que estava sempre inundando-a? Parecia mais um espectro do personagem de Mercier.
    Enquanto vagava pela rua ladeada de lojas, pressentia as pessoas indo e vindo de um lado e outro. Sentia odores; eram vagos, distantes. Ouvia rumores indistintos. E continuava indo em frente...
    Surpreendeu-se com a imagem daquela mulher vestida com um chamisier preto com estampa miúda de flores brancas, mangas 3/4 , os sapatos bege, simples, que acomodavam pés pequenos e pernas longas tornedas. Nas mãos, uma pequena bolsa bordô de alças curtas, entrelaçada nos dedos longos. Os cabelos curtos castanhos, anelavam-se em volta do rosto abatido. Um rosto sem cor, sem vida, sem história. Apenas os olhos escuros chamavam a atenção: carregavam interrogações e um sentimento de "estarem perdidos".
    Quando tocou os cabelos, percebeu-se na imagem refletida da vitrine. Era ela então? Era assim que estava? Era assim que os outros a percebiam? Quando foi que deixou de se reconhecer?
    No fundo da loja vizualizou o adesivo: "Sorria, você está sendo filmada". Sorriu para si. Depois, sorriu de si. E, de repente, teve uma sensação inquietante, indefinida. Sorriu mais uma vez, agora como que experimentando este movimento facial. Aos 37 anos, estava, finalmente, experimentando este formigamento libertador. Foi vendo aquela mulher da vitrine transfigurar-se... O rosto parecia iluminar-se, a boca, antes retesada, flexionou-se e esboçava um sorriso, eu diria, quase aberto. Mas eram os olhos. Os olhos mais uma vez mostravam, como janelas abertas para o sol, que encontrara um caminho. 37 anos! Estava prestes a tomar as rédeas da própria vida. Abandonaria o confortável casulo, que era sua cidade. Conhecia cada rua. Cada casa. Cada saliência dos becos. E , além de tudo, conhecia todas as pessoas daquele lugar. Conhecia tão bem cada um deles! Cada um de seus problemas, de suas alegrias e tristezas. Partilhavam tudo. Ajudava a todos. Aconselhava, olhava as crianças, podava os jardins, respondia as cartas, fazia as compras no mercado, lecionava e ouvia a todos. Era a " amiga de todos".
    Nascera ali, fora criada na mesma casa onde morava. Nunca teve coragem de sair . Nem mesmo quando se apaixonou. Ele foi para a cidade grande. Ela ficou. O que seria dela em uma cidade grande!? Ficaria perdida!
    Aos poucos, a viam como um utensílio que pertencia a cidade de Campos Altos.
    Agora, chegou o momento de libertar-se. Libertar-se desta limitação auto- imposta. 
    Olhando-se, não soube precisar o quê despertou este sentimento tão repentino. Repentino? Não, sempre pressentiu uma vida que queria chegar a superfície, sem conseguir alcançá-la. Sempre abafou-a com as atividades da comunidade. Agora era definitivo. Não sufocaria esta outra vida. Mercie, novamente... Sairia do seu refúgio. Sem mensagem, sem pertences, sem despedidas, sem perdas, sem nada. 
    Em direção a estação, levava consigo apenas a leveza de ser livre e o livro Trem Noturno para Lisboa. by http://folhasoutono.blogspot.com.br/
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quinta-feira, 20 de março de 2014

LEVANTE-SE!


Os esforços de Deus são mais fortes quando os nossos são vãos! Eu quero que você escute um diálogo revelador, envolvendo um homem que estava paralisado há anos. Jesus o encontra no tanque de Betesda, onde ele esperava conseguir entrar nas águas curadoras (João 5).
Jesus lhe perguntou, “Você quer ser curado?”
“Senhor, não tenho ninguém que me ajude a entrar no tanque. Enquanto estou tentando entrar, outra pessoa chega antes de mim.”
“Levante-se! Pegue a sua maca e ande!”
“E imediatamente o homem pegou sua maca e começou a andar.”
Eu queria que nós fizéssemos isto; eu queria que nós fizéssemos a palavra de Deus valer. Eu queria que nós aprendêssemos que, quando Ele diz algo, acontece. Que paralisia peculiar é esta que nos limita? Que falta de vontade de sermos curados é esta que é tão insistente? Quando Jesus nos diz “Levante!” – Levantemos! Sim, os esforços de Deus são mais fortes quando os nossos são vãos! Então, vamos nos apoiar NELE!
Max Lucado, em “ELE AINDA REMOVE PEDRAS”

Sempre te Amarei


Depois de tudo te amarei
como se fosse sempre antes
como se de tanto esperar
sem que te visse nem chegasses
estivesses eternamente
respirando perto de mim.

Perto de mim com teus hábitos,
teu colorido e tua guitarra
como estão juntos os países
nas lições escolares
e duas comarcas se confundem
e há um rio perto de um rio
e crescem juntos dois vulcões.

Perto de ti é perto de mim
e longe de tudo é tua ausência
e é cor de argila a lua
na noite do terremoto
quando no terror da terra
juntam-se todas as raízes
e ouve-se soar o silêncio
com a música do espanto.
O medo é também um caminho.
E entre suas pedras pavorosas
pode marchar com quatro pés
e quatro lábios, a ternura.
Porque sem sair do presente
que é um anel delicado
tocamos a areia de ontem
e no mar ensina o amor
um arrebatamento repetido
Pablo Neruda

segunda-feira, 17 de março de 2014

Finalmente encontrei rastros do livro que mais me impressionou até hoje.... Manaus

No curto período de três décadas, entre 1830 e 1860, a exportação do látex amazônico foi de 156 para 2673 toneladas.

A mão-de-obra utilizada para a extração do látex nos seringais era feita com a contratação de trabalhadores vindos, principalmente, da região nordeste. Os seringueiros adotavam técnicas de extração indígenas para retirar uma seiva transformada em uma goma utilizada na fabricação de borracha. Não constituindo em uma modalidade de trabalho livre, esses seringueiros estavam submetidos ao poder de um “aviador”. O aviador contratava os serviços dos seringueiros em troca de dinheiro ou produtos de subsistência.

A sistemática exploração da borracha possibilitou um rápido desenvolvimento econômico da região amazônica, representado principalmente pelo desenvolvimento da cidade de Belém. Este centro urbano representou a riqueza obtida pela exploração da seringa e abrigou um suntuoso projeto arquitetônico profundamente inspirado nas referências estéticas européias. Posteriormente atingindo a cidade de Manaus, essas transformações marcaram a chamada Belle époque amazônica.





Este livro incrível conta o historia de Manaus, na época em que os grandes coronéis e fazendeiros ganhavam milhões, explorando e escravizando pessoas pobres e índios. Uma época em que manaus era a Capital da borracha no Brasil e emanava riqueza e poder, mas acima de tudo, escravidão e muito sofrimento.
Vale a pena conferir este livro encantador.


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Sinopse



En un viaje imposible a través de la selva, de las pirañas, de los animales salvajes, cuatro personas están dispuestas a todo por su libertad.

En Manaos, perdidas en medio de la selva amazónica, se encuentran las explotaciones de caucho del argentino Sierra, un despiadado terrateniente que esclaviza a los indios y los somete al hambre y al látigo para aumentar los beneficios de su producción.

Entre los esclavos se encuentran el Nordestino, que fue a parar allí por una deuda que nunca logrará pagar, el Gringo, un antiguo guardaespaldas de Sierra condenado a la esclavitud por acostarse con Claudia, la amante del patrón, y Ramiro Poco-poco, un indio auca recién llegado a la plantación. Claudia también ha de ser castigada, pero cuando Sierra decide que le entregará a los caucheros, los tres esclavos elaborarán un plan para rescatarla e intentar algo que hasta ese momento ningún hombre ha logrado: huir.


ALBERTO VAZQUEZ-FIGUEROA



Nace el 11 de noviembre de 1936 en la capital tinerfeña. Poco después, se ve exiliado con su familia a África por motivos políticos, dónde pasó toda su infancia y adolescencia. A los veinte años se convirtió en profesor de submarinismo en un buque-escuela. Cursó estudios en la Escuela Oficial de Periodismo de Madrid y a partir de 1962 empezó a trabajar como enviado especial de Destino, La Vanguardia y, posteriormente, Televisión Española. Tras quince años de periodismo, se centró en su trayectoria literaria, con más de cuarenta libros publicados y traducidos a los más diversos idiomas. Nueve de sus novelas han sido llevadas al cine y hoy en día, es uno de los autores más leídos del panorama literario español.


Fonte: https://www.casadellibro.com/

segunda-feira, 10 de março de 2014

À favor da Nova Ortografia


À favor da Nova Ortografia

by Fernanda Jimenez
A língua é um organismo vivo e muda com o tempo. O ranço dos puristas conservadores nunca impediu o curso normal dessas mudanças. O falar do povo, as demandas,  é que determinam o curso por onde ela deve seguir. O mundo globalizado e as facilidades de comunicação que a Internet nos proporcionou é uma dessas demandas e a unificação da ortografia dos países lusófonos só vem a nos beneficiar. Se por trás da Nova Ortografia há interesses financeiros e políticos, obviamente, mas isto não me interessa. Vou falar da minha experiência como professora de língua portuguesa num país de falantes espanhóis, crítica de literatura, e principalmente, como leitora.
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Primeiro: para o meu dia a dia foi excelente a unificação da ortografia, pois numa mesma sala há alunos que preferem a variante portuguesa e outros a brasileira. Antes era necessário diferenciar "em Portugal escreve- se assim, e no Brasil, assado...". O meu trabalho fico muito mais simples.
Segundo: sempre achei irritante e desnecessário consoantes mudas no meio das palavras, "óptimo" e "contacto" cheiram- me à ranço, à naftalina, têm um ar caduco, desatualizado. A caída dessas consoantes deu um ar mais moderno aos textos lusos e isso produz uma maior aproximação aos leitores brasileiros.
Terceiro: essas mudanças ortográficas não interferem absolutamente em nada na cultura dos países falantes da língua portuguesa, já que é muito fácil identificar e diferenciar um texto português de um brasileiro. Num simples "café da manhã" brasileiro essas diferenças já ficariam evidentes, já que os portugueses estariam tomando o seu "pequeno almoço"; um brasileiro pediria um "cafezinho" ou um "café com leite" e  um português uma "bica" ou um "galão". Vejam um exemplo de texto onde seria necessário tradução do português de Portugal para o entendimento de um brasileiro:

Como ser brasileiro em Portugal sem dar muito na vista

Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Portugal sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis " águas de bacalhau ". Está vendo? Você já começou a não entender.
O fato é que como dizia Mark Twaia a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita veja só esses exemplos,(...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranqüilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: Cuidado com as BERMAS". Eles ficaram assustados – que diabo seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas". Não resistiram, pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranqüilos quando souberam que BERMA era o ACOSTAMENTO.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os TERNOS – peça para ver os FATOS, PALETÓ é casaco. Meias são PEUGAS, suéter é CAMISOLA – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são CUECAS. ( Não é uma delícia).
Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas CUEQUINHAS DE BEBÊ. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer PENSOS. Pasta de dentes é DENTÍFRICIO. Ventilador é VENTOINHA. E no caso (gravíssimo) de você tomar uma injeção na nádega, desculpe, mas eu não posso dizer porque é feio.
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode PETISCAR. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de PREGO; cachorros-quentes são simplesmente CACHORROS.
E não se esqueça: Um cafezinho é uma BICA; uma média é um GALÃO, e um chope é uma IMPERIAL. E, pelo amor de Deus, não vá se chocar quando você tentar furar uma fila e algum gritar lá de trás: "O gajo está a furar a BICHA!" Você não sabia, mas em Portugal chama-se fila de bicha. E não ria.
Ah, que maravilha o futebol em Portugal Um goleiro é um GUARDA-REDES. Só isso e mais nada. Os jogadores do Benfica usam CAMISOLA ENCARNADA – ou seja, camisa vermelha. Gol é GOLO. Bola é ESFÉRICO. Pênalti é PENÁLTI. Se um jogador se contunde em campo, o locutor diz que ele se ALEJOU, mesmo que se recupere com uma simples massagem. Gramado é RELVADO, muito mais poético, não é?(...)
Para entender as crianças em Portugal, pedagogia não basta. É preciso traçar também uma outra lingüística. Para começar, não se diz crianças, mas MIÚDOS. (Não confundir com miúdos de galinha, que são chamados de MIUDEZAS. Os miúdos de galinha portuguesa são os PINTOS). Quando um guri inferniza a vida do pai, este não o ameaça com a tradicional " dou-lhe uma coça!”, mas com "Dou-te uma TAREIA!", ou então com o violentíssimo “Eu chego a roupa à pele!"
Um sujeito preguiçoso é um MANDRIÃO. Um indivíduo truculento é um MATULÃO. Um tipo cabeludo é um GADELHUDO. Quando não se gosta de alguém, diz-se: "Não gamo aquele gajo". Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve dizer: “Estou-me nas tintas", ou então: "Estou-me marimbando” (...) Um homem bonito, que as brasileiras chamariam de pão, é chamado pelas portuguesas de PESSEGÃO. E uma garota de fechar o comércio é, não sei por quê, um BORRACHINHO.
Mas o  pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do  quarto de hotel e eles telefonaram para a portaria: "Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada"? O homem não entendeu uma única palavra. Ele devia ter dito:
"Ó PÁ, MANDA UM CANALIZADOR PARA REPARAR O AUTOCLISMO DA RETRETE".
CASTRO, Ruy, Como ser brasileiro sem dar muito na vista. ” Viaje bem", revista de bordo da VASP, ano Vlll n.3/78.
Os ajustes da nova ortografia são ínfimos perto do abismo lexical que existe entre portugueses e brasileiros. O acordo não interfere na cultura de nenhum país lusófono. Creio que os que resistem (principalmente portugueses) é  por orgulho e preguiça de se adaptarem às novas regras. Inclusive há muita gente levantando bandeiras, fomentando guerras absurdas entre cidadãos portugueses e brasileiros, politizando esse debate e querendo aparecer, aproveitando- se dessa situação. Geralmente, escritores de segunda que precisam de promoção. Não vou citar nomes, porque não merecem a propaganda.

Debaixo da Mesma Lua, Uma historia de amor e Vinhos

Debaixo da Mesma Lua, Uma historia de amor e Vinhos Vem comigo na construção de um lindo romance. Vou compartilhar vários trechos desse roma...