sábado, 12 de setembro de 2020

Contrapartida social em projeto cultural: o que é e como oferecê-la?

 

Contrapartida social em projeto cultural: o que é e como oferecê-la?

 

As contrapartidas são uma espécie de “recompensa” ou garantia. Elas são oferecidas em troca de algo, como o apoio que é dado a um projeto cultural. Quando são bem definidas, ajudam a aumentar a atratividade e as chances de sucesso da sua realização. Além disso, as contrapartidas sociais são exigidas por um sem número de editais e leis de incentivo, além de ser muito bem visto pelas empresas patrocinadoras! Portanto, é essencial entender como funciona a contrapartida social em projeto cultural.

Esse retorno faz bem para toda a sociedade e garante efeitos intangíveis para o produtor. Ter o cuidado certo para defini-la, portanto, é fundamental nessa etapa e para alcançar o sucesso com a realização. Mas você pode estar se perguntando: “como tudo isso pode ser feito?”.

Pensando nisso, preparamos este post para que você entenda melhor a existência desses retornos sociais e aprenda a escolhê-los! Vamos lá?

Afinal, o que são as contrapartidas sociais?

Como você já viu, a contrapartida é uma garantia ou uma recompensa para quem oferece apoio. No caso das contrapartidas sociais, elas são voltadas para gerar um impacto positivo na sociedade.

Em alguns projetos culturais, a própria realização já é a contrapartida social. Em muitos outros, entretanto, precisa ser bem definida.

Basicamente, representa o efeito positivo na sociedade que a sua proposta pode trazer. Quanto maior ela for, melhor é a capacidade que o seu projeto tem de dar origem a boas transformações sociais.

Para que serve a contrapartida social em projeto cultural?

Antes mesmo de escolher quais são as contrapartidas, é essencial entender a sua importância. Não se trata de mera formalidade, mas, sim, de um ingrediente incrível para o sucesso. Quer ver? Então, continue a leitura e conheça a sua relevância!

Aprovação pelas leis de incentivo

O projeto cultural, na verdade, é aquele criado para conseguir a aprovação. Ao recorrer à Lei Rouanet, por exemplo, é preciso apresentar objetivos, orçamento e cronograma.

Em várias situações, é necessário tratar das contrapartidas sociais — ou seja: o que a sua realização oferecerá à sociedade em troca da aprovação para captação de recursos? Dar a resposta correta é, portanto, um jeito de conquistar a chancela do órgão avaliador.

Ampliação do interesse das empresas

A hora de captar os recursos das instituições privadas é o momento de apresentar o projeto de patrocínio. É nele em que estão as contrapartidas como naming rightsproduct placement e geração de conteúdo para as redes sociais.

Além dessas, as contrapartidas sociais também se destacam, pois as empresas têm se preocupado cada vez mais com a Responsabilidade Social Corporativa (RSC). Como desejam transmitir uma imagem responsável, oferecer bons impactos sociais é um argumento extra.

Ao demonstrar como a sociedade é beneficiada com a realização do projeto, fica fácil expressar o valor do patrocínio e como a empresa também pode obter vantagens. Assim, todos saem ganhando!

Satisfação pessoal

Quem disse que a contrapartida social em projeto cultural não beneficia o proponente? Ao incluir esse elemento na sua proposta, você tem a certeza de que o seu evento fará a diferença no mundo e tocará a vida das pessoas.

Powered by Rock Convert

Essa sensação gera uma satisfação pessoal incrível, de realização como artista e como cidadão — e isso não tem preço. É como adicionar uma cereja ao topo do bolo, pois a sua satisfação ao final será grande.

Quais ações podem ser oferecidas?

Agora que você já conhece a importância da contrapartida social, está na hora de colocar a mão na massa. Ao conhecer as principais ações, dá para escolher as alternativas mais interessantes para obter os benefícios. Em seguida, veja os exemplos de destaque!

Oferta gratuita de ingressos e/ou tiragem

Uma das possibilidades mais conhecidas está ligada à gratuidade. É interessante estabelecer uma porcentagem mínima para a distribuição de ingressos e/ou de exemplares do produto cultural. Se o projeto prevê a realização de um evento, é preciso oferecer entradas gratuitas e com desconto. Já se a ideia é criar um livro, alguns exemplares devem ser distribuídos.

Para garantir esse cumprimento, inclusive, a Lei Rouanet tem elementos obrigatórios. O valor médio dos ingressos não deve ultrapassar R$ 150,00, 30% das entradas têm que ser gratuitas e 20% têm que custar até R$ 50,00. Assim, há um acesso facilitado a pessoas com menos renda.

Promoção de acessibilidade para deficientes e idosos

A inclusão social também pode fazer parte das medidas adotadas para o projeto. Nesse caso, vale a pena dar atenção à participação de pessoas com deficiência física, bem como quem já está na terceira idade.

Oferecer condições de acessibilidade para cadeirantes e áreas especiais de descanso para idosos são ótimos exemplos para garantir um impacto positivo na comunidade e em toda a sociedade. Para chegar lá, que tal se inspirar no Rock In Rio, que adotou medidas voltadas para a mobilidade para cadeirantes?

Realizações voltadas para comunidades carentes

Também é válido dar atenção para a população das comunidades carentes. Um evento de teatro pode executar oficinas, aulas ou apresentações em áreas periféricas, por exemplo. Já uma proposta de leitura tem a chance de levar livros e personagens para crianças de comunidades carentes.

A intenção dessa contrapartida é aumentar a integração e permitir que um número maior de pessoas possam se divertir e explorar todo o potencial do mercado cultural. Um bom exemplo é o Programa Voluntários, criado em 2001 pela Faber-Castell. Ele apoia negócios que ajudam crianças, idosos, dependentes químicos e instituições públicas.

Realização de atividades paralelas abertas ao público

Para eventos que possuem a entrada paga, uma boa oportunidade é executar atividades paralelas e gratuitas em espaços diversificados. Uma exposição de artes, por exemplo, pode assumir um caráter itinerante e exibir algumas obras em bibliotecas municipais e áreas públicas.

Ainda é possível realizar ensaios de dança, música ou teatro, além de fazer apresentações extras e solidárias. Tudo isso ajuda a aumentar o alcance, a troca de experiências e o impacto da ação.

Quais são os cuidados necessários para a definição?

É preciso tomar cuidado com a escolha da contrapartida social em projeto cultural. Em primeiro lugar, é indispensável que a alternativa seja viável. Por isso, fique de olho no orçamento e no cronograma para ter a certeza de que tudo pode, sim, transformar-se em realidade.

Opte, também, por alternativas que tenham a ver com a sua ideia. Pense com carinho no impacto que você deseja causar e, só então, escolha a contrapartida adequada. Se for usar uma lei de incentivo, verifique se o edital exige uma ou mais ações específicas. Lembre-se de que, assim, a sua aprovação é simplificada!

E para tornar o processo mais acertado e facilitado, é interessante ter o apoio de uma assessoria para projetos culturais, já que esse tipo de empresa dispõe da capacitação e do conhecimento necessários e pode orientar sobre quais são as melhores escolhas.

Como você pôde ver, a contrapartida social em projeto cultural é fundamental para ser aprovada nas leis de incentivo, atrair empresas e até para a sua satisfação. Ao usar essas dicas, vai ser mais simples obter os efeitos certos rumo ao sucesso!

Já que o apoio da assessoria é tão importante, entre em contato com a Arte em Curso e veja como podemos ajudá-lo nessa missão!


fonte: https://arteemcurso.com/

domingo, 6 de setembro de 2020

Minha Culpa é te Amar Autora Fernanda Santos Navarro

Sinopse Minha Culpa é te Amar

Duas amigas, dois mundos diferentes que se unem encontrando o amor verdadeiro em meio à traição… 

Beatriz e Alicia são diferentes em todos os aspectos, mas isso não impede de se tornarem inseparáveis. Vivendo uma linda amizade entre o cálido Rio de Janeiro e a fria Dublin (Irlanda) até que algo muito grave acontece, colocando em risco essa linda amizade. Será que uma verdadeira amizade suportará tamanha traição? É uma prova de fogo entre o amor verdadeiro e uma amizade sincera. Até que ponto chegará essa amizade?

https://www.youtube.com/watch?v=6_A9t1vdYHA

Minha Culpa é Te Amar 2º ediçao


sábado, 5 de setembro de 2020

Lisboa, na travessia do Rio tejo - LINDO!!!

https://www.youtube.com/watch?v=d6boEAx1H7Q



Um belo dia de céu azul, na travessia do Rio tejo. Alguém diz com lentidão: “Lisboa, sabes…” Eu sei. É uma rapariga descalça e leve, um vento súbito e claro nos cabelos, algumas rugas finas a espreitar-lhe os olhos, a solidão aberta nos lábios e nos dedos, descendo degraus e degraus e degraus até ao rio.Eu sei. E tu, sabias? Eugénio de Andrade, in Até Amanhã, 1956

 #lisboa #riotejo #amolisboa #viagememlisboa #passeioemlisboa #portugal

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

ALGUNS DE NOSSOS FILMES FAVORITOS DE ROBIN WILLIAMS

 


Sim. Ele morreu.
Mais uma perda para o mundo artístico, só em 2014. Quando a notícia saiu, algumas pessoas falaram de quem o homem era, o que ele usava, ousava ou fazia, mas vou lhe dizer uma coisa: nada disso importa, ele nos deixou uma grande herança em diversão e cultura e é isto que vamos celebrar por aqui. A equipe selecionou alguns dos filmes do sr. Williams para relembrar dos bons tempos (de sessão da tarde, if you know what I mean), veja abaixo:
Uma noite no museu
O carisma é inegável, logo que ele assume a pele de Theodore Roosevelt, a simpatia pelo presidente americano cresce rapidamente. É adorável observar o nascimento do amor entre a estátua viva de Roosevelt e a estátua viva de uma índia.
Anjo de vidro
Esse é um daqueles filmes que parece que puxaram cebola para descascar bem do seu lado. Robin Williams aparece como um padre que ajuda uma das personagens centrais a se conciliar com sua mãe doente e perceber o amor na noite de Natal.
O homem bicentenário
O homem bicentenário é mais uma daquelas histórias bonitas em que a gente vê um robô com sentimentos e desejos e logo se apaixona por ele.
Dead poets society
O captain! My captain!
Aladdin
O gênio era puro amor, confessa aí, eu sei que você também gostava. Era preciso ser meio cego para não ver as semelhanças entre ator e personagem e meio sem coração para desgostar de ambos.
Mrs. Doubtfire
Antigamente, existiam poucas coisas mais divertidas que ver Robin Williams se vestindo de velhinha e correndo atrás da esposa e dos filhos fictícios.
Jumanji
Esse eu sei que você já viu, a sessão da tarde certamente não deixou ninguém escapar. Jumanji era legal até para adultos, não havia Zathura (chora, recalcada) que superasse o desejo de jogar Jumanji.
Gênio indomável
Ganhador de Oscar, Robin Williams contracena com o jovem Matt Damon, se mostrando um ator polivalente.
Patch Adams
O médico fofo e divertido que transformou o mundo dos hospitais representado por um dos atores mais adorados do cinema, um belo conjunto, ainda mais depois que você assiste e vê Robin Williams divertindo as crianças doentes com um nariz de palhaço e penicos nos pés.
É isso, pessoal. Até a próxima lista!
by: http://naoultrapassado.wordpress.com/

quarta-feira, 2 de setembro de 2020

Manaos El libro - Manaus o livro - INCRÍVEL!!!

Conheça a incrível trajetória da borracha começando em Manaus, neste livro incrível e surpreendente. Você não vai acreditar nas barbaridades escritas neste livro. Rico em detalhes e com fatos reais.


No curto período de três décadas, entre 1830 e 1860, a exportação do látex amazônico foi de 156 para 2673 toneladas.


A mão-de-obra utilizada para a extração do látex nos seringais era feita com a contratação de trabalhadores vindos, principalmente, da região nordeste. Os seringueiros adotavam técnicas de extração indígenas para retirar uma seiva transformada em uma goma utilizada na fabricação de borracha. Não constituindo em uma modalidade de trabalho livre, esses seringueiros estavam submetidos ao poder de um “aviador”. O aviador contratava os serviços dos seringueiros em troca de dinheiro ou produtos de subsistência.

A sistemática exploração da borracha possibilitou um rápido desenvolvimento econômico da região amazônica, representado principalmente pelo desenvolvimento da cidade de Belém. Este centro urbano representou a riqueza obtida pela exploração da seringa e abrigou um suntuoso projeto arquitetônico profundamente inspirado nas referências estéticas européias. Posteriormente atingindo a cidade de Manaus, essas transformações marcaram a chamada Belle époque amazônica.





Este livro incrível conta o historia de Manaus, na época em que os grandes coronéis e fazendeiros ganhavam milhões, explorando e escravizando pessoas pobres e índios. Uma época em que manaus era a Capital da borracha no Brasil e emanava riqueza e poder, mas acima de tudo, escravidão e muito sofrimento.
Vale a pena conferir este livro encantador.


👇

Sinopse



En un viaje imposible a través de la selva, de las pirañas, de los animales salvajes, cuatro personas están dispuestas a todo por su libertad.

En Manaos, perdidas en medio de la selva amazónica, se encuentran las explotaciones de caucho del argentino Sierra, un despiadado terrateniente que esclaviza a los indios y los somete al hambre y al látigo para aumentar los beneficios de su producción.

Entre los esclavos se encuentran el Nordestino, que fue a parar allí por una deuda que nunca logrará pagar, el Gringo, un antiguo guardaespaldas de Sierra condenado a la esclavitud por acostarse con Claudia, la amante del patrón, y Ramiro Poco-poco, un indio auca recién llegado a la plantación. Claudia también ha de ser castigada, pero cuando Sierra decide que le entregará a los caucheros, los tres esclavos elaborarán un plan para rescatarla e intentar algo que hasta ese momento ningún hombre ha logrado: huir.


ALBERTO VAZQUEZ-FIGUEROA



Nace el 11 de noviembre de 1936 en la capital tinerfeña. Poco después, se ve exiliado con su familia a África por motivos políticos, dónde pasó toda su infancia y adolescencia. A los veinte años se convirtió en profesor de submarinismo en un buque-escuela. Cursó estudios en la Escuela Oficial de Periodismo de Madrid y a partir de 1962 empezó a trabajar como enviado especial de Destino, La Vanguardia y, posteriormente, Televisión Española. Tras quince años de periodismo, se centró en su trayectoria literaria, con más de cuarenta libros publicados y traducidos a los más diversos idiomas. Nueve de sus novelas han sido llevadas al cine y hoy en día, es uno de los autores más leídos del panorama literario español.


Fonte: https://www.casadellibro.com/

terça-feira, 1 de setembro de 2020

O meu pé de laranja lima

 Publicado em 1968, o livro infanto-juvenil autobiográfico O meu pé de laranja lima foi o maior sucesso do escritor brasileiro José Mauro de Vasconcelos.

Traduzido para mais de cinquenta línguas, a criação influenciou gerações no Brasil e no exterior.

Após o estrondoso sucesso, foram feitas adaptações para o cinema e para a televisão (uma novela realizada pela Tupi e duas pela Band).

Resumo da história

O livro, dividido em duas partes, é protagonizado pelo menino Zezé, um garoto comum, de cinco anos, natural de Bangu, periferia do Rio de Janeiro.

Muito esperto e independente, Zezé é conhecido pela sua malandrice e é ele quem narrará a história em O meu pé de laranja lima.

Devido a sua sagacidade, diziam que Zezé "tinha o diabo no corpo". O garoto é tão esperto que acaba, inclusive, aprendendo a ler sozinho. A primeira parte do livro se debruça sobre a vida do menino, as suas aventuras e as consequências dela.

“aprendia descobrindo sozinho e fazendo sozinho, fazia errado e fazendo errado, acabava sempre tomando umas palmadas.”

A vida de Zezé era boa, tranquila e estável. Ele vivia com a família em uma casa confortável e tinha tudo o que era preciso em termos materiais, até que o pai perdeu o emprego e a mãe viu-se obrigada a trabalhar na cidade, mais especificamente no Moinho Inglês. Zezé tem três irmãos: Glória, Totoca e Luís.

Empregada em uma fábrica, a mãe passa o dia no trabalho enquanto o pai, desempregado, fica em casa. Com a nova condição da família, eles se veem obrigados a mudar de casa e passam a ter uma rotina muito mais modesta. Os Natais fartos de outrora foram substituídos pela mesa vazia e por uma árvore sem presentes.

Como a nova casa tem um quintal, cada filho escolhe uma árvore para chamar de sua. Como Zezé é o último a escolher acaba ficando com um modesto pé de laranja lima. E é a partir desse encontro com uma árvore franzina e nada vistosa que surge uma forte e genuína amizade. Zezé batiza o pé de laranja lima de Minguinho:

— Quero saber se Minguinho está bem.
— Que diabo é Minguinho?
— É o meu pé de Laranja Lima.
— Você arranjou um nome que se parece muito com ele. Você é danado para achar as coisas.

Zezé arruma também um apelido para Minguinho que dizia em privado, nos momentos em que sentia mais ainda mais afeto pela árvore: Xururuca. É Minguinho, ou Xururuca, que escuta as suas aventuras e os seus lamentos.

Como vivia aprontando, era recorrente Zezé ser pego em uma das travessuras e apanhar dos pais ou dos irmãos. Depois lá ia ele se consolar com Minguinho, o pé de laranja lima.

Numa das vezes que aprontou, Zezé apanhou tanto da irmã e do pai que precisou ficar uma semana sem ir à escola.

Além de Minguinho, o outro grande amigo de Zezé é Manuel Valadares, também conhecido como Portuga, e é sobre ele que girará a segunda parte do livro. O Portuga tratava Zezé como filho e dava toda a paciência e afeto que o garoto não recebia em casa. A amizade entre os dois não era partilhada com o resto da família.

Por uma fatalidade do destino, o Portuga é atropelado e morre. Zezé, por sua vez, adoece. E para piorar a vida do menino ainda decidem cortar o pé de laranja lima, que vinha crescendo mais do que era suposto no quintal.

A situação muda quando o pai arranja um emprego depois de um longo período em casa. Zezé, entretanto, apesar dos seus quase seis anos, não se esquece da tragédia:

“Já cortaram, Papai, faz mais de uma semana que cortaram o meu pé de Laranja Lima.”

A narrativa é extremamente poética e cada travessura do menino é contada a partir do olhar doce da criança. O ponto alto da história acontece ao final da narrativa, quando Minguinho dá a sua primeira flor branca:

Eu estava sentado na cama e olhava a vida com uma tristeza de doer.
— Olhe, Zezé. Em suas mãos existia uma florzinha branca.
— A primeira flor de Minguinho. Logo ele vira uma laranjeira adulta e começa a dar laranjas.
Fiquei alisando a flor branquinha entre os dedos. Não choraria mais por qualquer coisa. Muito embora Minguinho estivesse tentando me dizer adeus com aquela flor; ele partia do mundo dos meus sonhos para o mundo da minha realidade e dor.
— Agora vamos tomar um mingauzinho e dar umas voltas pela casa como você fez ontem. Já vem já.

Interpretação e análise da história

Apesar da sua pouca extensão, o livro O meu pé de laranja lima toca em temas chave para se pensar sobre a infância. Percebemos ao longo das breves páginas como os problemas dos adultos podem acabar por negligenciar as crianças e como as crianças reagem a esse abandono se refugiando em um universo particular e criativo.

Notamos também o caráter transformador do afeto quando essa mesma infância negligenciada é abraçada por um adulto capaz de acolher o até então abandonado (no caso da história contada por José Mauro de Vasconcelos essa personalidade é representada pelo portuga, sempre disposto a partilhar com Zezé).

O fato do livro ter rapidamente se expandido para além das fronteiras brasileiras (Meu pé de laranja lima foi logo traduzido para 32 idiomas e publicado em outros 19 países) demonstra que os dramas vividos pela criança no subúrbio do Rio de Janeiro são comuns a inúmeras crianças ao redor do globo - ou ao menos aludem a situações semelhantes. Como é possível perceber, a negligência infantil parece ter um caráter universal.

Muitos leitores se identificam com o fato do menino escapar do cenário real esmagador rumo a um imaginário que é um manancial de possibilidades felizes. Vale lembrar que Zezé não era apenas vítima de violência física como também psicológica por parte dos mais velhos. As piores punições vinham, inclusive, de dentro da própria família.

O livro abre os olhos do leitor para o lado sombrio da infância, muitas vezes esquecido diante da enorme quantidade de material que tem como tema a infância idealizada.

Personagens principais

Zezé

Um menino travesso, de cinco anos, morador de Bangu (subúrbio do Rio de Janeiro). Super independente e curioso, Zezé vivia aprontando e apanhando quando era descoberto.

Totóca

O irmão mais velho de Zezé. É interesseiro, mentiroso e por vezes extremamente egoísta.

Luís

Irmão caçula de Zezé, era chamado pelo menino de Rei Luiz. É o grande orgulho de Zezé por ser independente, aventureiro e muito autônomo.

Glória

Irmã mais velha e muitas vezes protetora de Zezé. Está sempre a postos para defender o caçula.

Pai

Frustrado com o desemprego e desiludido com a incapacidade de sustentar a família, o pai de Zezé acaba sendo impaciente com os filhos. Também costuma beber com muita frequência. Quando tenta disciplinar as crianças faz uso da força e algumas vezes se arrepende das surras que dá.

Mãe

Extremamente cuidadosa e preocupada com os filhos, a mãe do Zezé quando percebe a situação financeira complicada da família arregaça as mangas e vai trabalhar na cidade para sustentar a casa.

O portuga

Manuel Valadares trata Zezé como um filho e enche o menino de carinho e atenção que muitas vezes o garoto não recebe em casa. Era rico e tinha um carro de luxo que dizia para a Zezé que pertencia aos dois (afinal de contas os amigos dividem, dizia ele)

Minguinho

Também conhecido como Xururuca, é o pé de laranja lima do quintal, grande amigo e confidente de Zezé.

Contexto histórico no Brasil

No Brasil vivíamos tempos duros durante as décadas de 1960 e 1970. A ditadura militar, implantada em 1964, era responsável por manter uma cultura repressora, que perpetuava o medo e a censura. Felizmente a criação de José Mauro de Vasconcelos não sofreu qualquer tipo de restrição.

Por enfocar mais no universo infantil e não abordar propriamente nenhuma questão política, a obra passou pelos censores sem apresentar qualquer tipo de problema. Não se sabe ao certo se o desejo de mergulhar no universo da infância surgiu de um desejo de mergulhar no universo autobiográfico ou se a escolha foi uma necessidade para fugir da censura, que na época não se preocupava tanto com o universo infantil. De toda forma, vemos no cotidiano do protagonista de José Mauro, como o menino sofria repressões (não pelo governo, mas dentro da própria casa, pelo pai ou pelos irmãos). As formas de sanção eram tanto físicas quanto psicológicas, observe o trecho abaixo:

"A gente vinha de mãos dadas, sem pressa de nada pela rua. Totóca vinha me ensinando a vida. E eu estava muito contente porque meu irmão mais velho estava me dando a mão e ensinando as coisas. Mas ensinando as coisas fora de casa. Porque em casa eu aprendia descobrindo sozinho e fazendo sozinho, fazia errado e fazendo errado acabava sempre tomando umas palmadas. Até bem pouco tempo ninguém me batia. Mas depois descobriram as coisas e vivem dizendo que eu era o cão, que eu era capeta, gato ruço de mau pelo. Não queria saber disso. Se não estivesse na rua eu começava a cantar. Cantar era bonito. Totóca sabia fazer outra coisa além de cantar, assobiar. Mas eu por mais que imitasse, não saía nada. Ele me animou dizendo que era assim mesmo, que eu ainda não tinha boca de soprador. Mas como eu não podia cantar por fora, fui cantando por dentro."

José Mauro de Vasconcelos nasceu e foi criado durante os anos vinte e foi de lá que extraiu as experiências para escrever o livro. A realidade do país na época era de renovação, de liberdade e de denúncia dos problemas sociais. A publicação, no entanto, foi efetivamente escrita em 1968, em um contexto histórico completamente diferente: no auge da ditadura militar quando o país vivia os anos de chumbo sob forte repressão. Em junho de 1968, ano da publicação de O meu pé de laranja lima, foi realizada no Rio de Janeiro A Passeata dos Cem Mil. No mesmo ano foi promulgado o AI-5 (Ato Institucional número 5), que proibia qualquer manifestação contrária ao regime. Foram anos duros marcados pela perseguição de opositores políticos e pela tortura.

Culturalmente a televisão passou a ter um papel importante na sociedade uma vez que conseguiu entrar nas casas das mais diferentes classes sociais. A história contada por José Mauro de Vasconcelos ficou conhecida pelo grande público principalmente devido às adaptações feitas para a televisão. No dia 30 de novembro de 1970 a extinta Rede Tupi levava ao ar o primeiro capítulo da novela baseada na criação de José Mauro de Vasconcelos.

Na música vivíamos a Tropicália e o período dos festivais, lembre-se do marco inicial, o Festival de Música Popular realizado em 1967 pela TV Record. Grandes nomes como Caetano Veloso, Gilberto Gil, Os Mutantes, Jorge Bem, Gal Gosta e Maria Bethânia surgiram nessa época. A TV Record destacava-se no universo do audiovisual ao lado da Band e da Tupi, as duas últimas emissoras foram as responsáveis pelas adaptações de O meu pé de laranja lima.

Encarte do filme O meu pé de laranja lima, lançado em 1970.
Encarte do filme O meu pé de laranja lima, lançado em 1970.

Filme Meu pé de laranja lima

Em 1970, Aurélio Teixeira dirigiu a adaptação cinematográfica de O meu pé de laranja lima.

Adaptações para a TV, as novelas da Tupi e da Band

Rede Tupi, 1970

A primeira adaptação do livro para a TV foi realizada pela Tupi, com roteiro de Ivani Ribeiro e direção de Carlos Zara. A novela foi ao ar entre 30 de novembro de 1970 e 30 de agosto de 1971 no horário das 18h. Nessa primeira versão, Haroldo Botta interpretou Zezé e Eva Wilma interpretou Jandira.

Eva Vilma no papel de Jandira e Haroldo Botta no papel de Zezé.
Eva Vilma no papel de Jandira e Haroldo Botta no papel de Zezé.

Rede Bandeirantes, 1980

Dez anos mais tarde, a Band aproveitou o texto de Ivani Ribeiro e levou ao ar a segunda adaptação do clássico infanto-juvenil. A nova versão, dirigida por Edson Braga, foi ao ar entre 29 de setembro de 1980 e 25 de abril de 1981. O protagonista escolhido para viver Zezé foi Alexandre Raymundo.

Rede Bandeirantes, 1998

Depois do sucesso da primeira edição, a Band decidiu fazer uma nova versão de O meu pé de laranja lima. O primeiro capítulo foi ao ar no dia 7 de dezembro de 1998.

Essa adaptação foi assinada por Ana Maria Moretszohn, Maria Cláudia Oliveira, Dayse Chaves, Izabel de Oliveira e Vera Villar, com direção de Antônio Moura Matos e Henrique Martins. Dessa versão participaram atores como Regiane Alves (interpretando Lili), Rodrigo Lombardi (interpretando Henrique) e Fernando Pavão (interpretando Raul).

Caio Romei interpreta Zezé na adaptação para a TV realizada em 1998.
Caio Romei interpreta Zezé na adaptação para a TV realizada em 1998.

Quem é José Mauro de Vasconcelos?

José Mauro de Vasconcelos nasceu no subúrbio do Rio de Janeiro (em Bangu), no dia 26 de fevereiro de 1920.

Aos 22 anos, dotado de imensa criatividade e ânimo literário, deu início a sua carreira literária com o livro Banana Brava. Como não podia se dedicar integralmente a literatura, trabalhou como garçom, instrutor de boxe e operário.

Teve uma vida produtiva literária farta, seus livros foram reeditados inúmeras vezes, traduzidos para o exterior e alguns ganharam adaptação para o audiovisual. Em 1968, publicou o seu maior sucesso de público e crítica: Meu Pé de Laranja Lima.

A respeito da sua rotina criativa, José Mauro dizia:

"Quando a história está inteiramente feita na imaginação é que começo a escrever. Só trabalho quando tenho a impressão de que o romance está saindo por todos os poros do corpo. Então vai tudo a jato"

Além de ter vivido para a escrita, José Mauro também trabalhou como ator (recebeu inclusive o Prêmio Saci de Melhor Ator e de Melhor Ator Coadjuvante).

Faleceu no dia 24 de julho de 1984, aos 64 anos, na cidade de São Paulo.

Retrato de José Mauro de Vasconcelos.
Retrato de José Mauro de Vasconcelos.

Leia na íntegra

O livro O meu pé de laranja lima encontra-se disponível para download em formato PDF.

Fonte: https://www.culturagenial.com/

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