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quinta-feira, 11 de junho de 2015

BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS NO BRASIL SÃO LEGAIS


A partir de agora as biografias não autorizadas são legais no Brasil e situações como essa não acontecerão mais: a filha mais velha de João Guimarães Rosa em 2008, entrou com um processo contra o escritor Alaor Barbosa, que publicou a biografia não autorizada “Sinfonia de Minas Gerais – A Vida e a Literatura de João Guimarães Rosa”. Vilma Rosa, a filha mais velha, acusou Alaor de plágio, afirmou que a única biógrafa do pai poderia ser ela (escreveu “Relembramentos- João Guimarães Rosa, meu pai”, 1983): “Ninguém pode escrever uma biografia sem o consentimento das filhas, herdeiras do nome e da imagem de Guimarães Rosa”. A venda do livro ficou suspensa até 2013, quando o Tribunal de Justiça do Rio autorizou a circulação do livro, pois não era plágio; houve um recurso, mas em 2014, o Tribunal manteve a decisão. Além disso, Vilma terá que indenizar Alaor com 50 mil reais por danos morais. Ela chamou o escritor de ” mentiroso, doido e nojento” em jornais de grande circulação.
 O Supremo Tribunal Federal votou, por unanimidade,  a liberação desse tipo de biografia. A liberdade, a literatura e a democracia agradecem!
A minha opinião: as biografias não autorizadas são muito mais interessantes do que as escritas por familiares ou as autorizadas por eles ou pelo próprio biografado. O sentimento familiar e pessoal, normalmente omite e filtra só o que lhes interessa. A biografia escrita por Vilma sobre o seu pai, por exemplo, “Relembramentos”, omite um fato importantíssimo na vida de Guimarães Rosa: o seu segundo casamento com Aracy Guimarães Rosa. O escritor a conheceu na Alemanha, quando ainda era casado com a primeira mulher, Lygia, que ficou no Brasil com as filhas. Apaixonou- se. Aracy, uma mulher incrível, trabalhava no Consulado do Brasil em Hamburgo, salvou centenas de uma morte certa no Holocausto. Não merecia ela uma citação?
A impressão que dá, lendo algumas reportagens, é que Vilma é “carne de pescoço”. Ela coloca travas, veta materiais, talvez os mais interessantes sobre a vida de João, justamente os do período em que conheceu Aracy e que começou a publicar; antes da sua segunda mulher, Rosa não havia publicado nada. Possivelmente, Aracy tenha sido sua grande incentivadora. Mas como vamos saber? Se a inconveniente da Vilma bloqueia textos. Isso é indício do grande protagonismo que a madrastra teve na vida do escritor. Ciúmes, ressentimento?
Vilma é escritora, lendo aqui “Relembramentos”, apesar do título pescado do estilo do seu pai, sua escritura é bastante prosaica, não puxou o talento paterno, pelo menos nessa obra. Não existe nenhuma crítica do livro de contos da autora “Acontecências”, nem positiva, nem negativa. Alguém leu? Achei um outro “Acontecência”, será que ela vai processar o rapaz também? O barraco que ela criou por causa da biografia do Alaor foi vergonhoso.
Não sei se o afã da filha é pelo vil metal, pelo protagonismo, egoísmo ou ciúmes, só sei que é vergonhosa a postura dela diante do espólio do pai.  Aracy, a viúva,  tinha metade dos direitos, mas o dividiu por três: para ela e as duas filhas do marido; parece que foram bem difíceis as negociações, pelo jeito, as filhas queriam mais do que lhes correspondiam. Os direitos autorais de “Grande sertão: veredas” ficou com Aracy, pois foram doados à ela por Rosa em vida.
As filhas proibiram a publicação de um diário interessantíssimo de Rosa, escrito quando ele estava em Hamburgo. Agora, com essa nova lei a favor das biografias não autorizadas, espero que o diário seja publicado e que possamos conhecer esses escritos de Rosa, já que a filha não os cede. Quanto material ainda estará na gaveta?
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 João e Aracy. Um amor tão forte e verdadeiro, que enfrentou todas as convenções sociais. Só foram separados pela morte.

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