terça-feira, 17 de junho de 2014

E por fim

Foram três abraços: um de educação, outro de carinho e, por fim, um de adeus. Durante esse tempo houve três olhares: um de curiosidade, outro de alegria e, por fim, um de solidão. As palavras trocadas foram muitas, mas apenas três frases marcaram “prazer em te conhecer”, “eu o amo” e “hoje, eu preciso ir”. De todos o lugares que visitamos, três viraram fotografias em meu pensamento: você sentada na festa do João Carlos, seu sorriso ao receber uma ligação de seus pais e, por fim, o embarque no trem, com seu olhar de solidão, dizendo que você precisava ir, após tanto eu te pedir para ficar. Eu sei que seu pai tinha falecido, que você tinha que passar um tempo com sua mãe, que você se sentia muito sozinha aqui na cidade grande, longe de todos seus familiares e amigos. Eu sei que você largou seus sonhos por mim, por nós. Eu sei o quanto você sofria de tanto ficar sozinha naquele apartamento, enquanto eu passava o dia no trabalho, você sem amigos, sem perspectiva, sem ninguém. Hoje eu sei que eu não estava ali. Eu sabia também que tudo se resolveria, era passageiro, depois de um tempo você voltaria, até planejava trazer sua mãe contigo. Eu só não sabia, meu Deus, da tragédia que estava por acontecer, que por um descuido humano, esse maldito trem bateria, e o impacto do acidente seria desolador. Eu não sabia que aquele seria nosso último abraço, que seria seu último olhar, que eu ouviria pela última vez as suas palavras, sua voz, e guardaria, por fim, aquela imagem triste do seu embarque, após uma discussão infantil de minha parte. Se eu soubesse, meu Deus, tudo teria sido diferente.
By blog Uma Flor quelquer

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