A história do amor de Fernando e Isaura, Ariano Suassuna
Sou um escritor de poucos livros e poucos leitores. Vivo extraviado em meu tempo por acreditar em valores que a maioria julga ultrapassados. Entre esses, o amor, a honra e a beleza que ilumina caminhos da retidão,da superioridade moral, da elevação, da delicadeza, e não da vulgaridade dos sentimentos. (Recife, 7 de outubro de 1994, p. 20)
O escritor na sua casa na Paraíba.
Ariano Suassuna (João Pessoa, 16 de junho de 1927 ), membro nº32 da Academia Brasileira de Letras, marcou a minha adolescência e incrementou a minha paixão pela leitura. Li incontáveis vezes a peça “O auto da Compadecida” (1955), assisti a obra no teatro diversas vezes, e em todas elas, a gargalhada saía fácil. O humor de Suassuna lavava a minha alma. Chicó e João Grilo são os personagens mais hilários da literatura brasileira. Mas deixo “O auto da Compadecida” para outro post, nesse a estrela é “A história de amor de Fernando e Isaura”(1956), um dos poucos romances do autor que permaneceu inédito até 1994, quando foi publicado no Recife pela primeira vez. A maior parte da obra de Suassuna é composta por peças de teatro, mas também é escritor de prosa e verso.
Nosso querido escritor anda meio adoentado e daqui mando o meu sincero desejo de pronto restabelecimento. O escritor tem um blog no UOL, com última atualização em 20 de junho, ele sofreu um infarto no último mês de agosto e recentemente cancelou a sua participação na Feira do Livro de Alagoas. Força, Ariano, nós te amamos!
Ariano Vilar Suassuna, advogado, filho de Cássia Vilar e João Suassuna, assassinado no Rio de Janeiro por motivos políticos. Passou a infância na fazenda Acauhan que pertencia a seu pai, depois vendida pela viúva para que os seus nove filhos estudassem.
O romance “A história do amor de Fernando e Isaura” é a versão brasileira da história deTristão e Isolda (lenda de origem celta), portanto, uma tragédia, não esperem por um final feliz. A leitura corre muito veloz, o livro é dividido em capítulos curtíssimos de duas, três páginas. Este livro serviu como prólogo, como exercício para escrever um romance que veio anos depois, “O romance d’a pedra do reino e o príncipe do sangue vai-e-volta”, escrito entre 1958 e 1970, doze anos de escritura. A paisagem é rural, acontece na fazenda São Joaquim, entre Penedo e Piassabussu (Alagoas), entre a praia e o Rio São Francisco. Marcos Fonseca, o dono da fazenda, é viúvo e tio de Fernando, pobre e órfão, o tio o acolheu ainda menino com a morte de sua irmã, Riva. A vida solitária dos dois era marcada por muito trabalho na fazenda. Marcos arranjou um casamento com uma moça muito mais jovem que ele, Isaura. Já não vou contar muito mais sobre a história, já deu para imaginar, não? Só vou contar que Fernando já conhecia Isaura por um episódio do passado. Isaura, de uma beleza perfeita, de olhos claros e um cabelo fino dourado. Seus pensamentos estavam povoados da imagem de Fernando. Desde que o avistara, seu sangue e seu coração tinham criado alma nova.(p. 46) Entre encontros e desencontros, o amor vai cumprindo a sua profecia.
Quem pode contra a força do Destino?
Suassuna, Ariano. A história de amor entre Fernando e Isaura. José Olympio, Rio de Janeiro, 1994. 174 páginas
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