segunda-feira, 17 de março de 2014

Finalmente encontrei rastros do livro que mais me impressionou até hoje.... Manaus

No curto período de três décadas, entre 1830 e 1860, a exportação do látex amazônico foi de 156 para 2673 toneladas.

A mão-de-obra utilizada para a extração do látex nos seringais era feita com a contratação de trabalhadores vindos, principalmente, da região nordeste. Os seringueiros adotavam técnicas de extração indígenas para retirar uma seiva transformada em uma goma utilizada na fabricação de borracha. Não constituindo em uma modalidade de trabalho livre, esses seringueiros estavam submetidos ao poder de um “aviador”. O aviador contratava os serviços dos seringueiros em troca de dinheiro ou produtos de subsistência.

A sistemática exploração da borracha possibilitou um rápido desenvolvimento econômico da região amazônica, representado principalmente pelo desenvolvimento da cidade de Belém. Este centro urbano representou a riqueza obtida pela exploração da seringa e abrigou um suntuoso projeto arquitetônico profundamente inspirado nas referências estéticas européias. Posteriormente atingindo a cidade de Manaus, essas transformações marcaram a chamada Belle époque amazônica.





Este livro incrível conta o historia de Manaus, na época em que os grandes coronéis e fazendeiros ganhavam milhões, explorando e escravizando pessoas pobres e índios. Uma época em que manaus era a Capital da borracha no Brasil e emanava riqueza e poder, mas acima de tudo, escravidão e muito sofrimento.
Vale a pena conferir este livro encantador.


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Sinopse



En un viaje imposible a través de la selva, de las pirañas, de los animales salvajes, cuatro personas están dispuestas a todo por su libertad.

En Manaos, perdidas en medio de la selva amazónica, se encuentran las explotaciones de caucho del argentino Sierra, un despiadado terrateniente que esclaviza a los indios y los somete al hambre y al látigo para aumentar los beneficios de su producción.

Entre los esclavos se encuentran el Nordestino, que fue a parar allí por una deuda que nunca logrará pagar, el Gringo, un antiguo guardaespaldas de Sierra condenado a la esclavitud por acostarse con Claudia, la amante del patrón, y Ramiro Poco-poco, un indio auca recién llegado a la plantación. Claudia también ha de ser castigada, pero cuando Sierra decide que le entregará a los caucheros, los tres esclavos elaborarán un plan para rescatarla e intentar algo que hasta ese momento ningún hombre ha logrado: huir.


ALBERTO VAZQUEZ-FIGUEROA



Nace el 11 de noviembre de 1936 en la capital tinerfeña. Poco después, se ve exiliado con su familia a África por motivos políticos, dónde pasó toda su infancia y adolescencia. A los veinte años se convirtió en profesor de submarinismo en un buque-escuela. Cursó estudios en la Escuela Oficial de Periodismo de Madrid y a partir de 1962 empezó a trabajar como enviado especial de Destino, La Vanguardia y, posteriormente, Televisión Española. Tras quince años de periodismo, se centró en su trayectoria literaria, con más de cuarenta libros publicados y traducidos a los más diversos idiomas. Nueve de sus novelas han sido llevadas al cine y hoy en día, es uno de los autores más leídos del panorama literario español.


Fonte: https://www.casadellibro.com/

segunda-feira, 10 de março de 2014

À favor da Nova Ortografia


À favor da Nova Ortografia

by Fernanda Jimenez
A língua é um organismo vivo e muda com o tempo. O ranço dos puristas conservadores nunca impediu o curso normal dessas mudanças. O falar do povo, as demandas,  é que determinam o curso por onde ela deve seguir. O mundo globalizado e as facilidades de comunicação que a Internet nos proporcionou é uma dessas demandas e a unificação da ortografia dos países lusófonos só vem a nos beneficiar. Se por trás da Nova Ortografia há interesses financeiros e políticos, obviamente, mas isto não me interessa. Vou falar da minha experiência como professora de língua portuguesa num país de falantes espanhóis, crítica de literatura, e principalmente, como leitora.
BANDEIRA_UNICA_BRASIL_PORTUGAL
Primeiro: para o meu dia a dia foi excelente a unificação da ortografia, pois numa mesma sala há alunos que preferem a variante portuguesa e outros a brasileira. Antes era necessário diferenciar "em Portugal escreve- se assim, e no Brasil, assado...". O meu trabalho fico muito mais simples.
Segundo: sempre achei irritante e desnecessário consoantes mudas no meio das palavras, "óptimo" e "contacto" cheiram- me à ranço, à naftalina, têm um ar caduco, desatualizado. A caída dessas consoantes deu um ar mais moderno aos textos lusos e isso produz uma maior aproximação aos leitores brasileiros.
Terceiro: essas mudanças ortográficas não interferem absolutamente em nada na cultura dos países falantes da língua portuguesa, já que é muito fácil identificar e diferenciar um texto português de um brasileiro. Num simples "café da manhã" brasileiro essas diferenças já ficariam evidentes, já que os portugueses estariam tomando o seu "pequeno almoço"; um brasileiro pediria um "cafezinho" ou um "café com leite" e  um português uma "bica" ou um "galão". Vejam um exemplo de texto onde seria necessário tradução do português de Portugal para o entendimento de um brasileiro:

Como ser brasileiro em Portugal sem dar muito na vista

Sim, eu sei que não será culpa sua, mas, se você desembarcar em Portugal sem um bom domínio do idioma, poderá ver-se de repente em terríveis " águas de bacalhau ". Está vendo? Você já começou a não entender.
O fato é que como dizia Mark Twaia a respeito da Inglaterra e dos Estados Unidos, também Portugal e Brasil são dois países separados pela mesma língua. Se não acredita veja só esses exemplos,(...)
Um casal brasileiro, amigo meu, alugou um carro e seguia tranqüilamente pela estrada Lisboa-Porto, quando deu de cara com um aviso: Cuidado com as BERMAS". Eles ficaram assustados – que diabo seria berma? Alguns metros à frente, outro aviso: “Cuidado com as bermas". Não resistiram, pararam no primeiro posto de gasolina, perguntaram o que era uma berma e só respiraram tranqüilos quando souberam que BERMA era o ACOSTAMENTO.
Você poderá ter alguns probleminhas se entrar numa loja de roupas desconhecendo certas sutilezas da língua. Por exemplo, não adianta pedir para ver os TERNOS – peça para ver os FATOS, PALETÓ é casaco. Meias são PEUGAS, suéter é CAMISOLA – mas não se assuste, porque calcinhas femininas são CUECAS. ( Não é uma delícia).
Pelo mesmo motivo, as fraldas de crianças são chamadas CUEQUINHAS DE BEBÊ. Atenção também para os nomes de certas utilidades caseiras. Não adianta falar em esparadrapo – deve-se dizer PENSOS. Pasta de dentes é DENTÍFRICIO. Ventilador é VENTOINHA. E no caso (gravíssimo) de você tomar uma injeção na nádega, desculpe, mas eu não posso dizer porque é feio.
As maiores gafes de brasileiros em Lisboa acontecem (onde mais?) nos restaurantes, claro. Não adianta perguntar ao gerente do hotel onde se pode beliscar alguma coisa, porque ele achará que você está a fim de sair aplicando beliscões pela rua. Pergunte-lhe onde se pode PETISCAR. Os sanduíches são particularmente enganadores: um sanduíche de filé é chamado de PREGO; cachorros-quentes são simplesmente CACHORROS.
E não se esqueça: Um cafezinho é uma BICA; uma média é um GALÃO, e um chope é uma IMPERIAL. E, pelo amor de Deus, não vá se chocar quando você tentar furar uma fila e algum gritar lá de trás: "O gajo está a furar a BICHA!" Você não sabia, mas em Portugal chama-se fila de bicha. E não ria.
Ah, que maravilha o futebol em Portugal Um goleiro é um GUARDA-REDES. Só isso e mais nada. Os jogadores do Benfica usam CAMISOLA ENCARNADA – ou seja, camisa vermelha. Gol é GOLO. Bola é ESFÉRICO. Pênalti é PENÁLTI. Se um jogador se contunde em campo, o locutor diz que ele se ALEJOU, mesmo que se recupere com uma simples massagem. Gramado é RELVADO, muito mais poético, não é?(...)
Para entender as crianças em Portugal, pedagogia não basta. É preciso traçar também uma outra lingüística. Para começar, não se diz crianças, mas MIÚDOS. (Não confundir com miúdos de galinha, que são chamados de MIUDEZAS. Os miúdos de galinha portuguesa são os PINTOS). Quando um guri inferniza a vida do pai, este não o ameaça com a tradicional " dou-lhe uma coça!”, mas com "Dou-te uma TAREIA!", ou então com o violentíssimo “Eu chego a roupa à pele!"
Um sujeito preguiçoso é um MANDRIÃO. Um indivíduo truculento é um MATULÃO. Um tipo cabeludo é um GADELHUDO. Quando não se gosta de alguém, diz-se: "Não gamo aquele gajo". Quando alguém fala mal de você e você não liga, deve dizer: “Estou-me nas tintas", ou então: "Estou-me marimbando” (...) Um homem bonito, que as brasileiras chamariam de pão, é chamado pelas portuguesas de PESSEGÃO. E uma garota de fechar o comércio é, não sei por quê, um BORRACHINHO.
Mas o  pior equívoco em Portugal foi quando pifou a descarga da privada do  quarto de hotel e eles telefonaram para a portaria: "Podem me mandar um bombeiro para consertar a descarga da privada"? O homem não entendeu uma única palavra. Ele devia ter dito:
"Ó PÁ, MANDA UM CANALIZADOR PARA REPARAR O AUTOCLISMO DA RETRETE".
CASTRO, Ruy, Como ser brasileiro sem dar muito na vista. ” Viaje bem", revista de bordo da VASP, ano Vlll n.3/78.
Os ajustes da nova ortografia são ínfimos perto do abismo lexical que existe entre portugueses e brasileiros. O acordo não interfere na cultura de nenhum país lusófono. Creio que os que resistem (principalmente portugueses) é  por orgulho e preguiça de se adaptarem às novas regras. Inclusive há muita gente levantando bandeiras, fomentando guerras absurdas entre cidadãos portugueses e brasileiros, politizando esse debate e querendo aparecer, aproveitando- se dessa situação. Geralmente, escritores de segunda que precisam de promoção. Não vou citar nomes, porque não merecem a propaganda.

Escritores do mundo (2): Leonard Cohen (Canadá)

Leonard Cohen (Montreal, 1934) é um escritor e músico canadense de origem polaca, mais conhecido no mundo da música, embora venha publicando livros desde 1956. Em 2011 ganhou o importante prêmio Príncipe de Astúrias das Letras na Espanha.
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Um livro interessantíssimo e que anda na minha cabeceira é o “Livro do desejo”. A obra é poética e cheia de desenhos, uma mistura que adoro. Esse livro demorou 20 anos para ficar pronto. Impressiona! A pena é que a tradução dessa edição seja ao português de Portugal e sem a correção para a nova ortografia, tudo estranho, expressões como “fui dar uma mija”, por exemplo, que não utilizamos. Há um grupo de “intelectuais”portugueses fazendo campanha contra a nova ortografia (que os lusos chamam de “AO”). Se eles vendem seus livros no mercado brasileiro, que se adaptem ou não vendam, que fiquem só em Portugal. Se lhes parece tão ruim tirar os “cês” e “pês”, consoantes mortas do meio de suas palavras e para nós brasileiros não nos pareceu ruim tirar nossos acentos das nossas “ideias” igualando à grafia lusa, que tirem também seus livros do mercado do Brasil. Já que é “humilhante” e um acinte à cultura portuguesa igualar a ortografia aos países colonizados por eles, então que não aceitem esse dinheiro sujo, não é? O tempo da “casta” já acabou, o mundo dá voltas. 
9789895523283
ESCREVI POR AMOR (p.89)
Escrevi por amor.
Depois escrevi por dinheiro.
Para alguém como eu
é a mesma coisa.
 
Cohen e U2 cantando “Tower of song” música que fechou o documental sobre a vida do artista Leonard Cohen: I’m Your Man:

by http://fernandajimenez.com/2014/02/28/escritores-do-mundo-2-leonard-cohen/

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Resenha: “Uma criatura dócil”, Fiódor Dostoiévski

Resenha: “Uma criatura dócil”, Fiódor Dostoiévski


Falando em literatura

by Fernanda Jimenez
...Enquanto ela estiver aqui, tudo vai bem: a cada instante chego perto para vê- la, mas que será de mim quando a levem amanhã e eu fique sozinho? (p. 15)
Esse livro começa com uma nota do próprio Dostoievski explicando um pouco sobre o gênero do relato, que ele classifica de "fantástico", mas com um grande fundo realista. Eis aí uma grande contradição. Eu acho muito bacana essa conversa direta com o leitor, alguns escritores também fizeram isso, dirigiram- se diretamente ao leitor, como Saramago e Machado de Assis. O escritor diz que demorou quase um mês para escrever esse texto. A narrativa trata de uma jovem mulher que havia se jogado de uma janela há algumas horas e seu marido a encontra morta e fica aturdido, dando voltas, sem saber o que fazer ou pensar. O homem, um quarentão, militar retirado, é agiota e hipocondríaco. Fala consigo mesmo, não está bem psicologicamente e tem que lidar com essa situação, sua esposa morta, uma órfã de 16 anos incompletos, estendida em cima de duas mesas durante seis horas. Dostoievski explica que é uma narrativa contraditória nos aspectos psicológico e sentimental, o pensamento debatendo- se até encontrar a verdade. O autor mesmo qualifica esse embate de "confuso"Por que a mulher suicidou- se? Quando temos a notícia de algum suicídio, não é sempre essa pergunta que nos passa pela cabeça?
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Fiódor Dostoiévski nasceu em 11 de novembro de 1821, em Moscovo, Rússia e  faleceu em 9 de fevereiro de 1881, em São Petersburgo, Rússia. Escritor existencialista, sua obra considera o homem como centro e todo o conjunto de suas emoções e pensamentos. Jean- Paul Sartre também seguia essa linha, ele disse: "A existência precede e governa a essência.
"Dostoiévski nos mostra a intimidade de um casamento por conveniência, ela muito pobre, ele muito solitário. Ele, o poderoso; ela, a submissa. Conheceram- se quando ela o levava objetos de muito pouco valor para penhorar.
(...) as pessoas boas e submissas não resistem muito e, ainda que não sejam muito expansivas, não sabem esquivar uma conversa: respondem com sobriedade, mas respondem, e quanto mais avança o diálogo,  mais coisas dizem; basta não cansá- los, se você quer conseguir algo. (p. 19)
A moça vendia seus poucos pertences para colocar anúncios no jornal "A voz" oferecendo- se para trabalhar como institutriz, caseira, costureira, cuidadora de doentes... até desespero chegar e  pedir um trabalho por casa e comida. Ela queria sair da casa das tias que a maltratavam e que queriam vendê- la a um homem que já havia matado, à base de surras, suas duas esposas anteriores.
Durante o casamento era ele que ditava todas as normas e ela era só silêncio e resignação. Ele mesmo achava- se um tirano e a moça doce, mansa e angelical, mas ele não conseguia mudar de atitude, talvez essa seja uma das contradições que Dostoiévski comentou. O homem tem consciência, mas não a atitude para mudar seu caráter, instinto, ações. Mesmo sentindo- se culpado pela morte da esposa, tentava justificar- se e colocar a culpa na defunta.
A vida dos homens, em geral, está maldita! (p.43)
Até as pessoas mais calmas e mansas têm um limite. A esposa adolescente era empregada do marido na loja de empenhos. Ela fez um mal negócio para um viúva idosa e o marido reclamou. A moça esbravejou, perdeu a serenidade, ficou uma fera. Deixou de falar com o marido e sumiu por dois dias. Nesse tempo a moça mudou bastante aos olhos do marido. Ou ela sempre foi assim, espirituosa, violenta, agressiva?
Ler Dostoiévski é sempre uma incursão ao interior do ser humano, uma evocação do que existe de mais profundo, como a abertura de um porão abandonado e esquecido. Ele liberta o fluxo do pensamento antes da ação, mostra o plano mental e emocional do homem.
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Esse quadro de Gabriel Von Max, "O anatomista" (1869), retrata perfeitamente a cena do homem e da mulher morta que Dostoiévski narrou em "Uma criatura dócil".
O amor às vezes chega tarde demais...e não há mais salvação, só resta a dúvida.
"O último dia de um condenado à morte", de Victor Hugo. Livro citado por Dostoievski nessa obra,  já está na minha lista de desejos.
Edição brasileira à venda na livraria Cultura:

sábado, 18 de janeiro de 2014

Dom Casmurro”, de Machado de Assis

Dom Casmurro”, de Machado de Assis

by Fernanda Jimenez
(...) Talvez abuso um pouco das reminiscências osculares; mas a saudade é isto mesmo; é o passar e repassar das memórias antigas. Ora, de todas as daquele tempo creio que a mais doce é esta, a mais nova, a mais compreensiva, a que inteiramente me revelou a mim mesmo. (Dom Casmurro lembrando do seu primeiro beijo com Capitu)
Eu não sei se pode ser chamada de "resenha" esses textos que escrevo sobre os livros que leio. Vou anotando o que penso e os trechos das obras conforme vou lendo. Os textos acabam ficando fragmentados e sem muita coesão, mas é assim que gosto de fazer....escrevo o que vai surgindo durante a leitura. Vamos lá...se você gosta de literatura brasileira, uma obra imprescindível na sua lista de leituras é "Dom Casmurro" (1899), editado pelos irmãos Garnier, dois franceses radicados no Rio de Janeiro. Machado de Assis não pode faltar na biblioteca de todo bom leitor.
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Machado de Assis
Joaquim Maria Machado de Assis (Rio de Janeiro, 21 de junho de 1839 - Rio de Janeiro, 29 de setembro de 1908). A história de Machado é incrível: ele era pouco escolarizado, não frequentou universidade, era de família pobre, era mulato (naquela época motivo de discriminação), mas ele nadou contra a maré e venceu. Foi auto- didata, erudito, escreveu todos os gêneros literários, trabalhou no Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, escreveu para jornais, foi tipógrafo, revisor e foi um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e o primeiro presidente eleito por unanimidade. Seu talento incontestável abriu- lhe todas as portas. Casou-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais (Porto, 1835 - Rio de Janeiro, 1904) que era muito culta e inclusive o ajudava a escrever e revisar os textos de Machado. Carolina e Machado não tiveram filhos, ficaram casados por 34 anos. O escritor ficou viúvo em 1904 e escreveu esse poema em homenagem à esposa:
            A Carolina
Querida! Ao pé do leito derradeiro,
em que descansas desta longa vida,
aqui venho e virei, pobre querida,
trazer-te o coração de companheiro.
Pulsa-lhe aquele afeto verdadeiro
que, a despeito de toda a humana lida,
fez a nossa existência apetecida
e num recanto pôs um mundo inteiro...
Trago-te flores - restos arrancados
da terra que nos viu passar unidos
e ora mortos nos deixa e separados;
que eu, se tenho, nos olhos mal feridos,
pensamentos de vida formulados,
são pensamentos idos e vividos.
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                                            Carolina Augusta Xavier de Novais
 De saúde frágil segundo muitos biógrafos, sofria ataques epiléticos, problemas nervosos, problemas de visão e também era gago. O que o torna ainda mais admirável. Dizem as más línguasque Machado teve um caso com a esposa de José de Alencar e que tiveram um filho juntos. Também dizem por aí que Machado conta a história dessa traição em Dom Casmurro. O escritor morreu por causa de um câncer na boca possivelmente provocado pelos tiques que sofreu durante toda a sua vida.
 "Dom Casmurro"(1899) é dividido em 148 capítulos curtos. É começar a ler e não conseguir mais parar até o final. A história deDom Casmurro, quer dizer, de Bentinho e sua amada Capitu, narrado pelo próprio protagonista, é uma das mais incríveis histórias de amor já escritas. A intensidade do primeiro amor:
Eu amava Capitu! Capitu amava- me! E as minhas pernas andavam, desandavam, estacavam, trêmulas e crentes de abarcar o mundo. Esse primeiro palpitar da seiva, essa revelação da consciência a si própria, nunca mais me esqueceu, nem achei que lhe fosse comparável qualquer outra sensação da mesma espécie. Naturalmente por ser minha. Naturalmente também por ser a primeira.  Capítulo 12,  "Na varanda")
Bentinho ou "Dom Casmurro", apelido que ganhou e foi explicado o motivo no início da obra, descreve  Capitu ("Capitolina"), sua amiga de infância e vizinha, assim:
Não podia tirar os olhos daquela criatura de quatorze anos, alta, forte e cheia, apertada em um vestido de chita, meio desbotado. Os cabelos grossos, feitos em duas tranças, com as pontas atadas uma à outra, à moda do tempo, desciam- lhe pelas costas. Morena, olhos claros e grandes, nariz reto e comprido, tinha a boca fina e o queixo largo. (Capítulo 13: "Capitu")
Capitu e Bentinho tinham uma relação muito especial, entendiam- se sem palavras. O futuro padre e a amada sofriam pelo futuro próximo, onde Bentinho entraria num seminário. A mãe de Bentinho obrigou- o a entrar no seminário, apesar da recusa do rapazinho e da revolta de Capitu, era uma promessa e ela tinha que cumprir. Bentinho não tinha vocação para ser padre e tentou de tudo para que sua mãe desistisse da ideia. Pediu ao agregado da família José Dias e à prima Justina que o ajudasse a convencer a sua mãe, Glória. A prima negou logo, disse que era impossível convencer a Glória. Bentinho saiu ao Passeio Público com José Dias para ver se ganhava um aliado. José olha os vizinhos Pádua com reserva, veja o que ele pensa de Capitu, umas das passagens mais conhecidas da obra (Capítulo 25):
Capitu, apesar daqueles olhos que o Diabo lhe deu...Você já reparou nos olhos dela? São assim de cigana oblíqua e dissimulada. Pois, apesar deles, poderia passar, se não fosse a vaidade e adulação. Oh! a adulação!
José Dias prometeu ao rapaz que tentaria dissuadir dona Glória. Vários capítulos Bentinho passa com essa dúvida, "mamãe atenderá meu pedido?". Bentinho queria mesmo era ser médico. Capitu preferia qualquer coisa, menos o seminário, inclusive preferia que Bentinho fosse estudar na Europa. Bentinho foi até o quarto da menina, lembrou da definição de José Dias sobre os olhos de Capitu e decidiu dar a sua: "olhos de ressaca"- ressaca do mar, não a ressaca depois de uma bebedeira (capítulo 32):
Traziam não sei que fluido misterioso e energético, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca. Para não ser arrastado, agarrei- me às outras partes vizinhas, às orelhas, aosbraços, aos cabelos espalhados pelos ombros; mas tão depressa buscava as pupilas, a onda que saía delas vinha crescendo, cava e escura, ameaçando envolver-me, puxar- me e tragar- me.
O beijo acontece no capítulo 33. Emocionante, atordoado, vertiginoso. A partir daí, o menino de 15 anos começou a sentir- se homem. O namoro escondido e o desejo de contar à mãe a falta de vocação eclesiástica. E o casalzinho sofre a dor da separação, fazem promessas, mas não de amor, mas de resignação. Bentinho pediu que Capitu prometesse duas coisas: que ela só se confessaria com ele e que fosse ele o padre a casá- la. E ela acrescentou ainda mais uma promessa, que seria Bentinho que batizaria o seu filho. Tudo isso dito com dor e uma certa ironia. Fizeram as pazes e Capitu jurou que jamais casaria com ninguém; e Bentinho jurou que só casaria com ela. E no final, ambos juraram que só casariam um com o outro, com o céu por testemunha. E Bentinho seguiu para o seminário de São José debaixo de muito choro.
Ia ser poeta, ia competir com aquele monge da Bahia, pouco antes revelado, e então na moda; eu, seminarista, diria em verso as minhas tristezas, como ele dissera as suas no claustro. (cap. 55)
Aos sábados, Bentinho voltava para casa e continuava a ver Capitu, mas com prudência, dissimulavam o amor para não levantar suspeitas e assim poder construir seus planos de futuro, que incluía a saída de Bentinho do seminário. Nesse tempo em que Bentinho ficou fora, Capitu e a dona Glória fizeram- se muito amigas, Capitu ia lá costurar de manhã e ficava até a hora do jantar. Foi quando dona Glória ficou muito doente e Capitu foi logo cuidá- la. A mãe de Bentinho ficou muito mal e passou pela cabeça do rapaz que se ela morresse acabaria o seminário. Morreu de remorso por tal pensamento, queria contar tudo à mãe e fez uma promessa que rezaria mil Pai- nossos para que ela ficasse boa. E ficou, ufa! Bentinho começou a imaginar planos de se livrar do seminário junto ao seu grande amigo Escobar e o amigo da família José Dias. Promessa difícil essa de dona Glória, por uma doença na infância do filho, prometeu a Deus entregar Bentinho à Igreja. Mas Bentinho conseguiu abandonar o seminário com dezessete anos para estudar Direito até os vinte e dois. Escobar também saiu do seminário e casou- se com Sancha, a amiga- irmã de Capitu.
Bentinho e Capitu casaram- se, por fim, em 1865o capítulo sobre o casamento é um dos mais bonitos:
(...) uma tarde de março, por sinal que chovia. Quando chegamos ao alto da Tijuca, onde era o nosso ninho de noivos, o céu reconheceu a chuva e acendeu as estrelas, não só as conhecidas como as que só serão conhecidas daqui a muitos séculos. (cap. 101)
Depois de dois anos de casados, Capitu e Bentinho ainda não tinham conseguido ser pais, como ambos desejavam e pediam em oração. Escobar e Sancha tiveram uma menina e deram o nome de Capitu, "Capituzinha". O menino dos nossos protagonistas acabou chegando, Ezequiel. Escobar morreu afogado nadando no mar bravo. Bentinho sentiu uma atração sexual por Sancha. Não poderia ter acontecido o mesmo entre Capitu e Escobar? Todas as sutis pistas na obra indicam que Capitu traiu Bentinho com Escobar. Ezequiel seria filho de Capitu e Escobar. Bentinho notava semelhanças na criança com o defunto amigo, tinham os mesmos olhos e gestos parecidos. Bentinho via Escobar quando olhava para o menino, que ia crescendo e aumentando mais ainda a semelhança. Bentinho vivia atormentado com esse fato, tanto, que por pouco não cometeu suicídio bebendo um café envenenado. Tal traição, dizem, teria acontecido na vida real com o Machado e a esposa do amigo José de Alencar, ambos teriam tido um filho. Onde há fumaça há fogo, não? Eu não acredito em coincidências. A pergunta não é "Capitu traiu mesmo Bentinho?", a pergunta é "Valeu à pena tanto ciúmes, Dom Casmurro?"
                                     Deus é grande e descobre a verdade.(cap.52)
Prestem atenção no capítulo "Os vermes", é muito interessante, é uma parábola de uns vermes que ferem-se, mas têm o poder da auto- cura.
Esta sarna que é escrever, quando pega aos cinquenta anos, não despega mais. (cap. 54)
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Assis, Machado. Dom Casmurro. Murano, 2009 (ebook).


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

“Eu me chamo Antônio”, um bom legado de 2013

by Fernanda Jimenez
A internet ajuda a lançar nomes na música e também na literatura. Surgiu em 2013 uma maneira criativa e inusitada de ser fazer versos desenhados em guardanapos. "Antônio", nome fictício de Pedro Gabriel (1982), nascido na África e radicado no Brasil desde os 12 anos é o responsável por essa revolução literária na internet. Quem já não viu um guardanapo de "Antônio"?  Pedro é assíduo frequentador do bar Lamas no Rio de Janeiro e começou a desenhar em guardanapos apoiado no balção e acompanhado de um chope. Seus versos desenhados têm sacadas, jogos de palavras com muito sentimento, que conquistaram o coração de milhares de seguidores na internet.
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O criativo trabalho de Pedro Gabriel virou livro publicado pelaIntrínseca. O autor é publicitário, quem sabe tal faceta o ajudou a divulgar os seus guardanapos, já que a figura de Antônio, misterioso, solitário e apaixonado, despertou a curiosidade de muita gente. Alguns poemas visuais do artista:
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domingo, 8 de dezembro de 2013


AMAR É OBEDECER
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Existe um momento entre pretender orar e realmente orar que é um dos momentos mais sombrios e silenciosos da nossa vida. É a fração de segundo entre pensar na oração e orar. Para alguns de nós, essa fração de segundo pode durar décadas. Parece, portanto, que o maior obstáculo à oração é a simples questão de começar, o simples ato de vontade, o iniciar, o praticar, o fazer.
Shakespeare foi muito honesto na peça Os dois cavaleiros de Verona: “Aquele que não demonstra seu amor, não ama”. O amor verdadeiro precisa declarar-se vivendo na prática suas declarações.
Quando meu filho era criança, eu lhe dizia: “Filho, ponha o lixo pra fora!”. E ele obedecia! É assim que demonstramos nosso amor e respeito- sendo obedientes. Mas imaginemos que, ao receber a minha ordem, ele respondesse:
- Ah, papai, você é tão bonito; só quero ficar aqui sentado contemplando sau sabedoria e poder.
- Mas, filho – posso insistir -reconhecer meus atributos tem pouca validade real se vpcê não quiser me obedecer. Ponha o lixo para fora!
- Mas pai, o lixo? Não, prefiro considerar sua nobreza. Você é o solo de onde eu brotei. Quando penso em você como aquele que me gerou, considero minha maturidade e desejo louvá-lo cada vez mais.
- Filho, ponha o lixo para fora.
Essa ilustração foi longe o suficiente para falar do perigo de levantar as mãos em adoração quando devemos fazer o que o Pai nos pede. Devemos primeiro obedecer e depois louvar.
E o que Deus nos pede? Para confiar Nele: “Não temais” é a exortação mais frequente na Bíblia. Não tema durante os momentos sombrios. Não tema diante de obstáculos assombrosos…Não tema!
“Orai sem cessar”. 1Ts 5:17. O que é oração? Comungar-se com Deus…pedir…suplicar….interceder….Mas, oração não é monólogo, é diálogo com o Todo-Poderoso, portanto orar é também ouvi-Lo e saber esperar Sua resposta e Seu agir.
Comece a orar, na oração Deus nos revela Sua vontade. Se estamos pedindo de acordo com Seus planos supremos, Ele realizará nosso pedido; se não, Ele nos fará ‘desistir” do que pedíamos. Quando estamos orando de acordo com Seus propósitos, nos tornamos Sua voz, milagres acontecem.
Então, comece a orar, ponha-se no caminho da verdadeira adoração, mostre-Lhe seu amor – obedeça ao Pai.
“NAS PROFUNDEZAS DE DEUS”

Debaixo da Mesma Lua, Uma historia de amor e Vinhos

Debaixo da Mesma Lua, Uma historia de amor e Vinhos Vem comigo na construção de um lindo romance. Vou compartilhar vários trechos desse roma...